Chegue perto, mais perto.
Cheguem mais perto do que quero lhes dizeres, chegue aqui, mas perto do texto que está lendo, mais perto da minha vontade de colocar-lhes próximo o suficiente, para sentir a espessura da forma de uma frase que pesa, sentir o cheiro da fonte, o gosto do tipo, tipografado, tipo engarrafado num litro de vidro, garrafa de cerveja que contém tubaína.
Bem mais perto do que consiga, chegue milímitros de distância, mas o suficiente[mente] para que o foco não se perda, chegue dentro da letra, sente-se na que prefirir. A letra U parece ser tão agradável para um repouso, um cochilo. O b, um banco macio. Escolha a sua, sente-se, deite-se, sinta-se à vontade.
Sou participante, candidato, concorrente, somos só mais um dos padrões de um ser humano. Todos temos dois olhos, duas orelhas, uma boca, um nariz, e ainda assim há quem se faz mais feliz. Éramos tão iguais quando alguém nos pintou, e a obra era tão verdadeira que deixamos de ser pintura, fizemos a mistura, e por mais que fôssemos todos iguais, tornamo-nos tão diferentes. Fenomenologicamente isso é ótimo, então minha fenomenologia da imaginção é ainda melhor.
N`um forte gesto com o pincel de cerdas largas e encharcado de tinta ócre se explode na tela esticada, como uma apunhalada sem que atravesse a corporeidade do campo. E o que vai surgir dessa pintura? Se é que pode se chamar de pintura tentar traduzir visualmente algum sentimento.
Cândido Portinari, fez muito bem na sua tradução do volume para um campo visual, do peso, da força.
Pintar o vento, colorir uma gargalhada, expressar pictóricamente uma súplica, pintar o prazer, pintar a anciedade, a fome, o desgosto, a sensação, que cor tem um sentimento de vitória?
Vou pintar minha janta, mas não pretendo pintar o feijão, o arroz, vou pintar o gosto que vem depois. Vou pintar o peso de uma semente de flor de liz. A satisfação de uma amizade, o grito de uma torcida. A sede saciável. O arder de um prazer.
Chegue perto, bem mais perto.
Vou pintar o seu nariz.
Cheguem mais perto do que quero lhes dizeres, chegue aqui, mas perto do texto que está lendo, mais perto da minha vontade de colocar-lhes próximo o suficiente, para sentir a espessura da forma de uma frase que pesa, sentir o cheiro da fonte, o gosto do tipo, tipografado, tipo engarrafado num litro de vidro, garrafa de cerveja que contém tubaína.
Bem mais perto do que consiga, chegue milímitros de distância, mas o suficiente[mente] para que o foco não se perda, chegue dentro da letra, sente-se na que prefirir. A letra U parece ser tão agradável para um repouso, um cochilo. O b, um banco macio. Escolha a sua, sente-se, deite-se, sinta-se à vontade.
Sou participante, candidato, concorrente, somos só mais um dos padrões de um ser humano. Todos temos dois olhos, duas orelhas, uma boca, um nariz, e ainda assim há quem se faz mais feliz. Éramos tão iguais quando alguém nos pintou, e a obra era tão verdadeira que deixamos de ser pintura, fizemos a mistura, e por mais que fôssemos todos iguais, tornamo-nos tão diferentes. Fenomenologicamente isso é ótimo, então minha fenomenologia da imaginção é ainda melhor.
N`um forte gesto com o pincel de cerdas largas e encharcado de tinta ócre se explode na tela esticada, como uma apunhalada sem que atravesse a corporeidade do campo. E o que vai surgir dessa pintura? Se é que pode se chamar de pintura tentar traduzir visualmente algum sentimento.
Cândido Portinari, fez muito bem na sua tradução do volume para um campo visual, do peso, da força.
Pintar o vento, colorir uma gargalhada, expressar pictóricamente uma súplica, pintar o prazer, pintar a anciedade, a fome, o desgosto, a sensação, que cor tem um sentimento de vitória?
Vou pintar minha janta, mas não pretendo pintar o feijão, o arroz, vou pintar o gosto que vem depois. Vou pintar o peso de uma semente de flor de liz. A satisfação de uma amizade, o grito de uma torcida. A sede saciável. O arder de um prazer.
Chegue perto, bem mais perto.
Vou pintar o seu nariz.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPinta meu nariz de vermelho pra eu ficar com cara de palhaço, e sorrir com uma boca de palhaço, e ter o prazer dos olhos de um palhaço?
ResponderExcluirOu melhor, pinta de laranja que com o amarelo da pele fica quase como o canarinho... Idéia boa essa, a de ser passarinho!
Mas antes pinta com essa sua cor! Cor de todo dia viciada em risos de alegria... Pinta?! Só não esqueça e traga junto das tintas um pequeno empréstimo dessa sua poesia!
ei chegue mais perto;
ResponderExcluirbem mais perto...
mais perto, mais perto
eu tenho o coração aberto...
entre as pernas uma fornalha
eu sou a pomba roxa ardente
a grande mãe indecente
a irmã ausente
a santa bandalha
sempre calada, no cio
sempre alerta de plantão
para falar de amor
com quem do amor
não tem recordação
venha como tantos vieram
feridos do amor me procuraram
querendo embrulhar a solidão
nos palidos lenções do meretricio
AMAR é meu oficio
ou será meu vicio
amo, amo com sofreguidão
venha ser mais um
um entre tantos
tantos a se sentir unico
e eu nao esquecerei de nenhum
e não há quem me esqueça
martelarei sua cabeça
pra sempre, eternamente
com a pomba roxa ardente
que é festa, lar, esposa adorada
venha, venha como todos
venha se divertir
venha se nutrir
no leite da mulher amada
venha, venha como todos
eu te espero
eu te quero
entre as pernas tenho uma fornalha
eu sou a pomba roxa ardente
a grande mae indecente
a irmã ausente
a santa bandalha
[musica do Plinio Marcos para a peça QUERÔ]