terça-feira, 31 de março de 2009

O Pintor e o Mar

Com os olhos banhados d'água, ele suplicafava: - fica!
Tarde demais, ela foi embora. Mesmo ofertando tudo e não pedindo nada - fica! Tarde demais, ela foi embora. Mas o tempo sabe bem o que fazer: deixar a chuva lavar pra escorrer daquela pele, todo lodo e fébre. Mas o tempo sabe bem como curar a ferida que ensiste em sangrar, mas vai FECHAR!
E na madrugada fria ela deixa de ser cega e enxerga. Tarde demais, ele já não a espera.
E olhando-se no espelho só resta o lamento, meu Deus, foi tarde demais, ele partiu com o tempo. Mas o tempo soube bem o que fazer, deixou a chuva lavar pra escorrer daquela pele todo o lodo e fébre. Pois o tempo soube bem como curar a ferida que nunca mais vai sangrar, fechada está.
E nesse dia então o mundo pode perceber, que foi tarde demais, pra ela se arrepender.
E nesse dia então o mundo pode perceber, que foi tarde demais, pra ela se arrepender!

E ainda com os olhos banhados d'água ele pintava o mar. Aquela que vem do mar.
Ruínas.



obra: "Laço" 2006
acrílica s/ tela
90 x 110 cm
Marcomini


segunda-feira, 30 de março de 2009

De Água e Óleo - p1

Em reflexão sobre o visível, o mundo e o ser, poucos são aqueles que desde o ínicio entrelaçam suas investigações com os modos de se ver uma pintura, e de ser levado por ela.

obra: "De Água e Óleo" p1
óleo s/ tela

100 x 120 cm
março de 2008
Marcomini

De Água e Óleo - p2


obra: "De Água e Óleo" - tríptico p2
óleo s/ tela
100 x 120 cm
março de 2008
Marcomini

De Água e Óleo - p3

Se em meu trabalho passo a isolar um dado perceptível, como por exemplo tratar a construção da luminosidade como um dado sensível sem que haja uma impressão de figura sobre um fundo, torno-o inconcebível, e ativá-lo exige no mínimo a experiência mental de percebê-la e isso a tornará qualquer coisa,ou NADA.
obra: "De Água e Óleo" - tríptico p3
óleo s/ tela
100 x 120 cm
março de 2008
Marcomini

De Água e Óleo



Uma obra de ARTE - antes de se materializar em um quadro, um livro, um filme... - é uma ideia. E ideias não obedecem a fronteiras, ou seja, não obedecem a um único formato ao linguagem.

Este trabalho, em seu processo de criação, valeu-se da ideia de tornar visível por meio pictórico o que há de sensível. O que quero dizer é que seja sensível não tão somente a percepção visual, mas sim o sensível desencadeador da multiplicidade de dados sensoriais.

Esse caminho de uma pesquisa em arte, concretiza uma obra, concretiza De Água e Óleo, que em sua essência se engendra além de uma pintura e pressupõem uma liberdade de olhar, de perceber, uma liberdade de mão-dupla: tanto minha como criador (que toma novas proporções e possibilidades na medida em que as construo, mantendo sempre o foco), como de quem vê, para tentar apreender a obra em sua plenitude de significados, superando quaisquer rótulos e categorias preestabelecidas.

obra: "De Água e Óleo" - tríptico
óleo s/ tela
100 x 120 cm (cada tela)
360 x 100 cm - dimensão total.
março de 2008
Marcomini

domingo, 22 de março de 2009

Maldita e EU.

Vamos, me diga quem é
senão entra no cambito
Disse a visão: Sou a alma
expulsa de Deus bendito
que tu mandado por ele
me resgatou do maldito.

Então eu disse: E foi você
que ganhei de Lúcifer?
Disse a visão: Foi eu mesmo
faço o que lhe convier.
- Sendo assim vamos embora,
viver como se pode.

O diabo já me disse
que estou no seu caderno
sendo assim eu nem vou perto
das graças do Deus eterno.
Porém se Deus der o fora
iremos para o inferno.
Dizendo isso parti
com a alma em companhia
não deixava a companheira
em toda parte que ia.
A alma da mesma forma
não me deixava um só dia.

Até quando vi o dia
da minha consumação.
Deixei a vida terrestre
e subi a Santa Mansão
para ser visto no Céu
do santo Deus de Abraão.

Porém chegando no Céu
não pude alcançar vitória
porque São Pedro me disse:
Tu estás fora da glória
aqui no Céu está escrito
Os crimes da tua história.

O desprezo que me deste
está escrito no caderno,
vai procurar teu refúgio
nos vacos tristes do inferno,
não faz o que tu fizestes
quem quer o bem do Eterno.

Eu juntei a companheira
e disse: Vamos regressar,
estou ciente que nó Céu
não querem nos colocar,
porém numa parte dessa
Haveremos de ficar.

Nessa terra de ninguém
alma e eu só espera o Amém.

Adaptação minha, de um dos cordeis de Manoel Cabloco.
obra: "Maldita" P.A.
xilogravura
42 x 30 cm
Marcomini



segunda-feira, 16 de março de 2009

O cabo da foice.

Maior parte do meu tempo, vivo no trabalho. E de fato, vivo mesmo, hora to de bem, hora mordo os dentes, do risada, fico nervoso, tenho direito em ficar, assim como os dois cães quem vivem lá ficam quando eu os provoco. E algo me fez pensar por demais:

Encontrei um erro num trabalho (de comunicação visual) institucional, do qual eu criei, e só o encontrei em sua última fase antes de ser entregue aos solicitantes.

Aquilo me engasgou de tal forma, que suava frio, doía na boca do estômago, calafrio me subia pelas pernas, fiquei pálido feito freira... frio como um peixe e com olhos saltados de um também.

Eu poderia evitar esse erro, assumindo, pondo minha cabeça a prêmio, evitando antes de ser entregue e arcando com o prejuízo... sim o [pré] juízo! (final)

Muitos compram meu serviço, o direito desses quem compram, é ter seu trabalho bem feito.

Eu errei, me calei, apostei no nada que alguém veria esse erro, deixei que as águas desse março o levasse. Mas o que senti quando me forcei a calar, foi a primeira experiência no auge dos meus vinte e poucos anos; calar-me quando seria a o primeiro a gritar.

Um médico, não tem o direito de errar. Um piloto de aeronave, também não tem esse direito. Erros deles, podem roubar o direito de vida de outros tantos. Motoristas se erram, roubam muitas das vezes outros direitos. Na verdade, ninguém pode errar, o mundo cobra isso o tempo todo de todo mundo, que não errem.

Mas não sou médico, nem piloto. Eu conceituo no meu erro, o torno acerto mesmo ele tendo nascido d`um suposto erro, eu o mudo, e ele fica mudo. Eu vou mais fundo nele, o escondo, ou evidêncio ainda mais. E ele aparece, desaparece... eu faço indagar, questiono e convido os de fora a questionar se o que é o erro, o que é errado, o exponho como arrependimento, o valorizo, ponho-o invisivél.

Meu mundo é mais leve, meu erro na profissão não é erro, talvez não seja acerto. Lembre-se que estou dissertanto sobre meu trabalho.

Sou artista plástico, sou cigano... eu engano.


Seria mais fácil ter trocado o MC pelo certo CH antes do .com.


segunda-feira, 2 de março de 2009

No pé do morro escuro.


Boa noite.
Por mais que eu não seja um rapaz da noite, é nas noites em que os melhores eventos acontecem em São Paulo e me arriscaria a dizer que no mundo. É nas noites que a raça humana deixa um mundo estereotipado, veste-se d'uma máscara que melhor lhe cabe para cada ocasião, amigo meu custuma dizer que à noite os gatos são pardos, e nessas noites o mundo parece se tornar mágico.
Pessoas são o que não são de verdade, outras são além da realidade e ainda outras não são.
Eu ainda prefiro durmir durante a noite, os raios da luz solar me movem, mas ainda por mais que eu me abdique das noites, não há Cristo que resista a curiosidade que traz uma noite. E eu, muito curioso, acabo por me entregar.
Uma semana após o Carnaval, grande movimento popular, pluralizado folclóricamente, invejado pelo mundo, me induzi a essa masturbação reflexiva, de que ponto eu cheguei na minha vida? Quais os meus desejos? Minhas metas? minhas ângustias talvez? o que pretendo com meu futuro e com o mundo à minha volta? Que sinístro isso!
A cada passo, pessoas, essas que adoram a noite, que as vezes passam uma semana inteira esperando pela noite de um certo dia, de um certo mês... A cada passo, todos notam sua maturidade, suas vivências fazendo a diferença na hora em que mais precisam se salientar. Aí percebe-se que as pessoas que se relacionam com você, são atraídas pela energia que você transmite, e com o tempo, com mais idade suas amizades começam a se fechar, os velhos amigos se compactam num espaço de boas lembranças, aumentam as vontades de mudar tudo na sua vida ao mesmo tempo que, nada dá pra mudar tão fácil assim.
Alguns arrependimentos, outras tantas desilusões, um punhado de sorriso e a vida continua sendo a mesma... quando na verdade ja mudou tanto e o mesmo ainda é você.
E em meio a essa vontade de expor tudo que meu coração sopra, chega a perder o nexo, não se entende bem o objetivo desse pequeno texto, e por quê ele deveria ser entendível?
Esse espaço fui eu quem criei, tenho direito de escrever e propor o subjetivo da forma que melhor me convém.
Assim que são as pessoas nas noites, incertas, alucinadas, máscaradas... sinceras!
São seus mais profundos demônios à pertubar suas idéias. Por isso, cuidado com as noites no âmbito social.
E nessa noite de segunda-feira, pósto este texto...
Boa noite.