quarta-feira, 15 de julho de 2009

Pele verde.

Eu em pé, erecto e posto arquiteturamente em chão firme, em uma manhã de sol que fazia da minha sombra algo ainda maior que meu gesto estagnado, o frio pelos lados me pediam a força que não tinha. Passei os olhos em realidades muito distantes da minha, que precisam de uma ajuda, não só minha, mas de quem encara a verdade. A dura e fria verdade.
Descobri que me falta ainda muita força, força que busco insensantemente, mas a angústia que não me permite ainda ter, a falta de postura que me joga ao chão, que desmorona toda a estrutura arquitetônica que aparentemente se mostrava tão firme diante alguém ainda pequeno, que é sem dúvida muito mais forte que eu.
Eu educado por família humilde, onde realidade paternal é extritamente igualada desses que fui à uma visita saber aonde posso ajudar... Ajudar? eu que precisei de ajuda! encarar a verdade de um jóvem que não sabe nada, e sabe muito mais que eu! Sabe se livrar do frio com papelão, sabe se livrar da fome em um lixão.
São só crianças que precisam ser mais crianças, e que mundo imperfeito elas se depararam tão cedo??
Doce ilusão a minha de achar que o mundo não é tão ruim assim, só deixa de ser para aqueles que não querem olhar ao lado. Filhos bastardos!
Daniel, 14, não quer sobrenome. foram dez minutos de conversa, e eu desviei meus olhos dos olhos dele, para segurar minha vontade de desmoronar e não chorar as lágrimas que dele saiam não só por dor, saiam por tantas coisas que não há palavra que traduza. O nó na garganta, não me deixava dizer qualquer palavra que ele esperava ouvir. O silêncio disse a ele.
O Silêncio disse a mim: Reaje seu covarde de uma figa! Cadê a sua força? Bundão!
São 35 que estavam nessa mesma remada, e se não suportei o peso de uma história, meu DEUS, como suporatarei 35 ou mais??
Não é meu momento, ainda sou nada na vida. Ainda não sou gente, não sei ser!
Desde então isso bate feito sino na minha nuca, em todas as minhas manhãs vazias dessa semana. E entro em conflito com meus ideais, com o mundo que eu tentava enganar para aliviar a dor, com o sorriso que se mostra tão feliz e é, ao mesmo tempo, tão ausente de felicidade.
Falta compaixão.
Falta ainda mais vida na minha, para que eu possa dar vida a esses que precisam de novas Estórias.
Na minha humilde historinha de vida, que irá completar vinte e quatro em pouco mais de dois meses, me senti tão sem história, tão sem cor, sem cheiro, sem amor...
Cadê minha fé? não deixei de ter, mas ficou apagada, uma vela com o pavio molhado.
Tenho amigos fortes, muito mais que eu. Uma, luta pela vida de animais, mais precisamente por vidas caninas, tem muito amor pra isso, outro não menor nem tampouco maior, encontrou-se nesse mesmo dia que eu, nessa mesma visita que eu, muito mais forte que eu. E sabe muito melhor que eu.
Ainda não sei o que devo fazer, estou em um momento delicado de pensar, e tomar a decisão certa. Em dois dias meu velho aniversaria, o mesmo da história parecida com a do Daniel. Vou tomar corajem, e mudar dessa PELE VERDE.
Obs.: Deixo meu sincero agradecimento à Flavia, Ruy e outros que
não soube o nome e, fazem parte de pessoas escolhidas por DEUS para amenizar a
dor dessas crianças. E a um amigo, que pouco importa o nome, e se faz presente
nesses momentos da minha vida. Aquele abraço.